quinta-feira, 19 de junho de 2014

Parto domiciliar planejado Karine e Juliano - E o Bento nasceu!

A Karine me procurou antes mesmo de engravidar, fomos conversando e a empatia foi tanta que hoje posso chamá-la de amiga. Lembro a felicidade que foi quando ela se descobriu grávida, eu pude sentir a energia dela através das mensagens pelo facebook rsrs. Desde o início percebi que a Ka e o Juliano tem uma conexão muito forte e é muito gostoso trabalhar assim, eles se entendiam no olhar, via o quanto ela precisava sentir o Juliano durante o TP, essa coisa de pele mesmo. Foi lindo acompanhar vocês nesse processo, foi lindo ver o Bento chegar e toda aquela choradeira e sorrisos! Obrigada por me permitir viver isso.

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Na quinta pela manhã acordei com algumas cólicas diferentes e contrações seguidas que já me acompanhavam a alguns dias, liguei para a parteira e disse para que se preparasse, enquanto conversava com a Gabi constantemente por mensagens. Saí a tarde fiz mais algumas coisas e na tardinha a parteira veio fazer uma avaliação. As contrações eram regulares de 10 em 10 porém bem fracas. Saímos para caminhar, era uma linda noite de lua cheia. Quando retornamos perto da meia noite a Gabi já chegou e logo começamos os preparativos! Meu coração pulava de alegria, logo conheceria quem estava habitando meu ventre! Minhas contrações continuavam regulares, espaçadas e fracas. Acho que 1 da manha senti uns pingos, a bolsa rompeu, e lembro que após um agachamento senti um ploft, e escorreu mais um pouco, realmente era a bolsa pensei, analisei a cor do líquido, bem transparente lindo! Continuei os exercícios, fizemos um banho de assento, mas nada colaborou para que as contrações aumentassem, não sentia dor, apenas umas cólicas. Acho que pelas 5 da manhã resolvemos dormir, mas não consegui, apenas cochilei, as cólicas quando me deitava intensificavam e pra dormir era um pouco difícil. Era 6 e pouca quando saí para caminhar. A noite era muito quente e o dia um calor desértico. Lembro de sair bastante do tampão, lembro de a partir deste momento caminhar muito, me agachar, caminhar mais e no sol escaldante, e lembro que lá pela 3 horas fui dar mais uma caminhada e pensei comigo, só volto lá pra dentro depois que fizer o negócio andar. Já começava a me sentir cansada, as cólicas eram fracas mas constantes, e apesar de comer bastante o tempo todo meu corpo já dava sinais de cansaço.

Nesse momento eu chorei, senti medo de não conseguir, fiquei chateada pelo meu corpo ser tão lento, queria ter logo meu bebê nos braços, mas não tava rolando. Então caminhei mais um pouco, hahahaha! Enfim acho que umas 5 da tarde eu voltei pra dentro, toda queimada nas costas, a Gabi uns 2 kg mais magra, o Juliano com o café pronto e comecei a pensar em descansar, aceitei que talvez fosse demorar mesmo e apesar da insistência para que eu ficasse ativa senti que precisava me guardar para ter forças até o fim. E diminuí um pouco o ritmo, comi mais um pouco, e lembro que a Marisa a parteira disse que iria na casa dela que ficava umas duas ruas da minha. A partir de agora tudo que eu contar pode ser um pouco duvidoso, pois lembro apenas de flash de alguns momentos. Lembro que tudo se intensificou, lembro do Juliano comigo me apoiando, me massageando, da Gabi sussurrando coisas no meu ouvido que me davam uma força sem explicação. Lembro de sentir dor, muita dor no quadril atrás, e alguma na frente. Lembro de sentir vergonha por fazer coco, e logo depois de arrancar toda roupa que eu estava e de não sentir, apenas viver aquele momento, de estar realmente em outra dimensão, a mesma que vou quando canto, mas de não sair dela quando a música acaba. Enfim as horas não fizeram mais sentido pra mim, lembro que em algum momento eu disse que não aguentava mais e todos riram... gente maluca eu pensei. Lembro de querer muito o Juliano, de me agarrar nele, de sentir a pele dele e como aquilo me acolhia.



Lembro de ouvir a Gabi sussurrar no meu ouvido, teu bebê ta vindo, logo ele estará contigo. Aquilo me emocionou tanto, mexeu lá dentro do meu coração. Lembro de não encontrar posição para ficar, o banco de cócoras era muito desconfortável para as minhas costas, sentia mais dor muscular que qualquer outra coisa. No expulsivo as dores diminuíram, porém eu estava exausta. Fazia força mas lembro que nada modificava no danadinho do espelho. Meu marido foi minha base, com ele encontramos uma posição confortável para eu parir, ele pariu junto comigo, fez forças junto comigo. Enfim depois de não sei quantas horas senti que as forças que eu fazia empurravam meu bebê. Senti que tinha controle do que acontecia, e empurrava devagar, sem pressa, e a cabeça começou a sair, senti alívio, pois sabia que meu bebê logo viria e que logo tudo ia passar. Agora não sentia mais dor, estava além do meu limite, mas descobri que não temos limite. Sentia a pele esticar e uma coisa boa invadiu meu coração meu corpo, então empurrei mais um pouco a cabecinha dele saiu. Vi o Juliano chorando a Gabi emocionada e eu viajando sentindo aquela bomba de ocitocina, mais uma e o corpinho escorregou! Que delícia! É um menino! 


Obaaaaa! Ganhei um gurizinho, bem cabeludinho, bem calminho, chorou devagarinho, pedi desculpas por ter demorado e então peguei meu amorzinho. Ele me olhou chorou e eu então chorei. Ufaaaa! Consegui! Estávamos lá, nós 3 nos pés da nossa cama, no nosso quarto, no nosso cantinho. Ai que delícia! Só tenho a agradecer todo cuidado e carinho que a Gabi teve comigo, ela foi essencial, sua presença completou a vinda do Bento. Serei eternamente grata por ter feito parte deste momento. Inclusive a presença de espírito de ter tirado fotos foi demais. São lembranças lindas que o Bento vai levar com ele. Obrigada!

"Sou uma loba, sim sou loba, sou mulher de verdade, sou uma super mulher, a mulher mais poderosa do mundo e isso ninguém nunca mais vai me tirar. Somos o que vivemos e não o que temos. Nunca fui tão feliz e completa, e penso que nada mais será como antes... Obrigada filho por me proporcionar a vida, nasci junto com você." 


Karine Leão Alves - mãe do Bento, esposa do Juliano, loba criada na zona rural e que escolheu o mar pra viver.